sexta-feira, 5 de agosto de 2022

UM BEIJO PRO GORDO! "GUINADA VIOLENTA RUMO À IGNORÂNCIA", AVALIOU JÔ SOARES SOBRE O BRASIL

    


    Em março de 2019, Jô Soares foi homenageado no Prêmio Shell (destinado ao Teatro) em São Paulo. Num discurso improvisado, já avaliava que o Brasil enfrentaria anos terríveis com o sujeito na Presidência da República:
    "Não estou aqui para defender nenhum partido político, mas o Brasil. Não pode ter essa guinada tão violenta rumo à ignorância.[...] O Brasil é um rio. Isso passa, tem que passar, e a gente tem que remar mesmo que seja contra a corrente. Mas tem que ter um barco muito forte.[...] Eu sei que é difícil quando alguém dá entrada num pensamento errado mudar de rumo. Mas o governo tem que cuidar do país. E para cuidar do país tem que investir em cultura e tecnologia de ponta. No momento a única cultura que temos é a de vírus".
    José Eugênio (Jô) Soares morreu, aos 84 anos,  às duas e meia da manhã desta sexta-feira, num hospital em São Paulo. Estava internado desde julho com pneumonia. Nasceu no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1938.
    Foi humorista, apresentador, diretor, músico e escritor. Quando criança, sonhava em ser diplomata. Estudou na Suíça. Das línguas estrangeiras, falava inglês, francês, espanhol e italiano. Tinha bons conhecimentos de alemão.
    Na televisão fez parte da "era de ouro" do humor. A mesma época de Chico Anysio, Ronald Golias, Renato Aragão, Costinha, Grande Otelo e Dercy Gonçalves...
    Depois de deixar os programas de humor, realizou um antigo sonho: Ter um programa de entrevistas. Os chamados "talk shows". A Globo não lhe deu o espaço. Mudou para o SBT onde apresentou de 1988 a 1999 o "Jô Soares Onze e Meia". No dia da estreia, pra combater o Gordo, a Globo apresentou o filme "Guerra nas Estrelas". Jô não perdeu tempo e apareceu nos jornais impressos com a frase: "Agora eles vão ter que passar um Guerra nas Estrelas por dia".
    Em 2000, Jô voltou pra emissora da família Marinho fazendo o que ele queria. Lá apresentou até 2016 o "Programa do Jô".
    Dá pra dizer que o humorista foi pioneiro do talk show no Brasil. Ele tinha os "requisitos básicos" para isso: Inteligência, sólida formação cultural, bons conhecimentos de história e política, ótimo humor e ironia. Além de muita elegância. Hoje qualquer Zé Ruela apresenta esse tipo de show, com um histrionismo irritante,  ignorância e falta de humor, apesar de se considerarem "muito engaçados". Todos querem ser um Jimmy Fallon. Só que não...
    Jô criou vários personagens. Como esquecer, por exemplo: Zé da Galera, Capitão Gay, Seu Matozinho, Coronel Pantoja, Padre Carmelo, Bô Francineide, Morador da Fronteira, Don Casqueta, Reizinho,  Punk Frutuoso, Vovó Nana e Júlio Flores.
    Inteligente e irreverente, Jô afirmou uma vez:
    "Tem pessoas que se sentem cultas apenas por comparar sua ignorância com a dos outros".
    E os bordões inesquecíveis?
    "Cala a boca, Batista!"
    "Bota ponta, Telê!"
    "Não quero meu nome em boca de Matildes!"
    "Cala-te boca!"
    "Tirou daqui, ó..."
    "Atendes ao Barão?"
    "Me tira o tubo!" (Essa MUITO atual...)
    "Vice não fala" (Mais ATUAL impossível!)