sábado, 14 de agosto de 2021

"O PADRE E A MOÇA": DESEJO E FÉ NA EXCELENTE ESTREIA DE PAULO JOSÉ NO CINEMA

    


   O amor e a fé. O amor de Deus e o amor dos homens. O desejo, o pecado e a fé. É possível separar um "amor da alma" de um "amor do corpo"? Esse é o drama do padre e de Mariana, uma jovem que ele conheceu ao chegar à uma pequena cidade perto de Diamantina, interior de Minas Gerais.
    O filme marca a estreia (e que estreia!) de Paulo José no cinema em 1966. E ele já chegou à telona como ator formado. Começou a representar logo aos 10 anos de idade no interior do Rio Grande do Sul. Fez teatro em Porto Alegre e em São Paulo. Paulo foi escolhido para o papel com apenas 29 anos porque já era quase um "veterano", com menos de 30 anos, nos palcos. 
    O filme foi dirigido por Joaquim Pedro de Andrade ("Macunaíma" - 1969). A atriz principal era Helena Ignez (então mulher de Glauber Rocha); Mário Lago também está no elenco. Ele faz o velho comerciante que mantém a personagem de Helena quase como uma "escrava sexual". A produção é de Luiz Carlos Barreto, o Barretão. Música de Carlinhos Lyra....
    Andrade fez o roteiro baseado num poema de Carlos Drummond de Andrade ("Negro Amor de Rendas Brancas"). A Associação Brasileira de Críticos de Cinema elegeu, em 2015, "O Padre e a Moça" como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. 
    A história em resumo: Paulo José (numa interpretação forte e contida) é o jovem padre que chega à cidade pra substituir o antigo vigário que morreu. Ele conhece Mariana (Helena Ignez) que vive na casa de Fortunato (Mário Lago). A paixão entre o padre e Mariana "pega fogo" e aí começa o "dilema da humanidade": Como a sociedade deve se comportar? Pode um padre largar a batina por um "rabo de saia"? Ainda mais numa cidade minúscula e muito conservadora por natureza?
    O filme trata disso. E o poema de Drummond, também: 
    "Padre, sou teu pecado, tua angústia?
     Tua alma se escraviza à tua escrava?
     És meu prisioneiro, estás fechado
     Em meu cofre de gozo e de extermínio
     E quer liberar-te?  Padre, fala!
     Ou antes, cala!"

    O filme é um clássico representante do Cinema Novo. Esse estilo recebeu influências do neorrealismo italiano e da nouvelle vague francesa: Forte crítica social, mistura de atores profissionais com habitantes do local. Isso foi usado em "O Padre e a Moça". Parte do elenco eram formado por moradores da região do interior de Minas onde foi rodado.
    Paulo José resumiu a vida dele, no cinema, em 64 anos de carreira e mais de 50 filmes: "Eu me sinto filmado!"

    


    Importante: Você pode assistir ao filme "O Padre e a Moça", de graça, no YouTube.