quarta-feira, 22 de agosto de 2018

ALGUÉM AINDA ASSISTE "TV ABERTA"?

    Quem atirou em quem? Quem bateu em quem? Quem matou quem? O jornalismo (com "jota" em minúscula) está cada vez mais parecido na televisão.  A busca da audiência nivelou (por baixo) todo mundo. Você troca de canal e parece que tá vendo o mesmo programa. A receita é igual: Apresentador chama repórter que conta a história "mais quente" do momento: o arrastão no busão, o corpo encontrado, o carro que acertou um poste, o assalto a um boteco na periferia.
    A coisa chegou a tal ponto que, dia desses, desovaram o corpo de uma garota na região de Curitiba. As tvs fizeram "fila" no local da desova pra "entrar ao vivo". O que chamou a atenção é que, num canal, apareceu um sujeito dizendo que viu, na TV, a reportagem na beira do mato, e foi até lá passar as informações para o jornalista. Logo em seguida, o mesmo homem apareceu em outro canal contanto a mesma história. Vai ver que ele fica "zapeando" em busca do "causo" mais cabeludo...
    Buraco de rua virou clássico. Dia sim, dia também, tem alguém falando de buraco, de pó ou de lama. Antigamente, repórter "torcia o nariz" pra ir ao local e ainda perguntava: "Não dá pra mandar só o cinegrafista pra fazer umas imagens?". Hoje os caras quase "se engalfinham" pra ver quem consegue ficar com a "melhor pauta de buraco de rua". Disputam pra saber quem é o mais "criativo", o mais "engraçadão", ou o mais "dramático" pra falar do assunto...
    Ah! E as redes sociais! Quanto benefício, quanta "facilidade" trouxeram para o trabalho jornalístico. Mas não pra isso que eu vi, outro dia, uma "coleguinha" fazendo: ela pedia que o telespectador mandasse fotos da cidade dele e, também, do "animalzinho de estimação". Isso pra mostrar no jornal. Oi?!
    Jornalismo existe pra prestar serviço público. Estimular a cidadania , desenvolver a consciência, o espírito crítico da população. Mas, como buscar essa "missão", se o que se pratica não é "popular", e sim "popularesco": apelativo e banal?
    Será que a vida se resume a isso? Não existem outros assuntos? Só o combo: polícia+buraco de rua+preço da abobrinha? É realmente isso que o povo "quer ver"? E o que o povo "precisa ver", não se leva em conta? 
    Por quanto tempo as pessoas vão querer ver as mesmas coisas em todos os lugares?
    Telinha virou lugar pra buraco de rua e pra buraco de bala.




                                                                
    

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